Fósseis de Bonito (MS): o que já se descobriu e por que é tão fascinante?

atualizado em 25 de setembro de 2025

tempo de leitura: 4 minutos

por Luciana Garcia

Bonito guarda testemunhos silenciosos de um passado grandioso: fósseis que revelam formas de vida que caminharam por ali há milhares, dezenas de milhares ou até milhões de anos. 

Que fósseis já foram descobertos em Bonito, MS e na região da Serra da Bodoquena? 

As descobertas revelam animais impressionantes que habitaram a região durante o período do Pleistoceno. Entre eles estão representantes da megafauna, como preguiças-gigantes e tatus de tamanho colossal. 

Assim, essas descobertas ajudam a reconstituir ecossistemas extintos e a compreender melhor o ambiente de milhares de anos atrás.

Esses registros também incluem crocodilianos antigos, restos de fauna ainda recente e até pegadas fossilizadas que mostram a presença de dinossauros na região. 

Desse modo, a variedade impressiona tanto cientistas quanto visitantes, mostrando que Bonito é mais do que turismo de águas cristalinas, sendo também um museu natural a céu aberto.

Megafauna pleistocênica: preguiças-gigantes, tatus e outros vertebrados 

Entre os achados mais marcantes da região estão os da megafauna pleistocênica. Preguiças-gigantes, conhecidas como Eremotherium, eram animais herbívoros que chegavam a pesar mais de quatro toneladas. 

Dessa forma, ao lado delas, gliptodontes, parentes dos tatus, impressionavam com carapaças arredondadas e de grande resistência.

Esses gigantes da pré-história desapareceram há cerca de 10 a 12 mil anos, em um período de mudanças climáticas e aumento da presença humana no continente. 

Suas ossadas, encontradas em cavernas e depósitos sedimentares, ajudam a compreender como era o ambiente e quais espécies interagiam entre si.

Caimanídeos fósseis: primeiro registro de Alligatoridae no estado 

Outro achado notável foi o de crocodilianos fósseis, conhecidos como caimanídeos, encontrados em leitos de rios na região. Então, esses répteis mostram que ambientes aquáticos da época abrigavam predadores eficientes, importantes para o equilíbrio ecológico.

O registro é considerado relevante para a paleontologia brasileira porque amplia a distribuição conhecida dos Alligatoridae no país. Assim, esses animais reforçam a ideia de que o Pantanal e a Serra da Bodoquena sempre foram ambientes com rica biodiversidade.

Subfósseis recentes: tamanduás de cavernas úmidas como Abismo Anhumas 

Além dos fósseis propriamente ditos, Bonito também guarda subfósseis, restos orgânicos ainda recentes encontrados em cavernas úmidas. Então, um exemplo marcante são ossadas de tamanduás, preservadas em locais como o Abismo Anhumas.

Esses registros não são tão antigos quanto os achados mineralizados, mas oferecem pistas valiosas sobre a fauna que viveu na região nos últimos milhares de anos. Portanto, sua preservação é possível devido às condições de umidade e ausência de luz dentro das cavernas.

fósseis

Em que ambientes esses fósseis foram preservados? 

Eles foram preservados principalmente em ambientes calcários, grutas profundas e leitos de rios. Afinal, esses locais oferecem condições ideais para a fossilização, seja pela ausência de luz e oxigênio ou pela sedimentação que cobre e protege os restos animais.

Além das cavernas famosas, como a Gruta do Lago Azul, depósitos sedimentares e rios também guardam registros da fauna antiga. Então, esses diferentes ambientes ajudam a explicar por que Bonito reúne fósseis tão diversificados e bem preservados.

Grutas e cavernas: Gruta do Lago Azul e cavernas calcárias 

A Gruta do Lago Azul é um dos lugares mais emblemáticos, pois nela foram encontrados restos de preguiças-gigantes e tigres-dente-de-sabre. Assim, a combinação de ambiente fechado, calcário e baixa iluminação garantiu a preservação por milhares de anos.

Esses achados transformaram a caverna em referência científica e também em atração turística, mostrando a importância de aliar conservação ambiental com pesquisa paleontológica.

Rios e leitos alagados: leito do rio Miranda e margens de rios como Nioaque 

Os rios da região, como o Miranda e o Nioaque, também foram palco de descobertas. Nesses ambientes, ossos e carapaças eram cobertos por sedimentos ao longo do tempo, formando registros valiosos.

Esses achados indicam que a megafauna utilizava margens de rios e áreas alagadas como pontos de alimentação e convivência. Desse modo, o acúmulo natural de sedimentos permitiu que muitos desses restos se transformassem em fósseis.

Depósitos quaternários: sedimentos do Pleistoceno e Holoceno 

Os depósitos sedimentares do Quaternário, que abrangem o Pleistoceno e Holoceno, são a principal fonte de achados em Bonito. Assim, neles, estão preservados desde animais extintos até vestígios de mudanças ambientais significativas.

Esses registros ajudam a reconstituir transformações do clima e da fauna ao longo dos últimos 2,5 milhões de anos. Então, a análise desses depósitos também auxilia no entendimento da transição entre megafauna extinta e animais que ainda sobrevivem na atualidade.

O que mais saber sobre fósseis em Bonito?

Veja outras dúvidas sobre o tema.

Os verdadeiros são restos mineralizados ou preservados por transformações profundas que remontam a dezenas ou centenas de milhares de anos.

Já os subfósseis são restos menos antigos, ainda com matéria orgânica ou preservação parcial, datados normalmente de milhares de anos — como ossos de tamanduás na região de Bonito. 

Existem registros de pegadas de dinossauros no estado de Mato Grosso do Sul, mais especificamente em locais como Nioaque, próximos à região geográfica de Bonito, que fazem parte de estudos paleontológicos no contexto do Geoparque Bodoquena-Pantanal. 

Então, essas pegadas indicam dinossauros terópodes e ornitópodes, mas até o momento não há evidência conclusiva de esqueletos completos de dinossauro encontrados exatamente em Bonito.

Pesquisadores utilizam técnicas como datação por carbono-14 para restos mais recentes (subfósseis), e outros métodos geocronológicos para materiais mais antigos, inclusive análises estratigráficas e correlações entre camadas de sedimentos. 

Em laboratório, fazem análise de mineralogia, morfometria de fósseis, reconstruções virtuais e até fotogrametria 3D para mapear o sítio e, ainda mais, medir a idade de cada peça.

Destacam-se as preguiças-gigantes, tatus gigantes e espécimes da megafauna pleistocênica como Holmesina. 

Além disso, há registros de crocodilianos antigos no rio Formoso (Alligatoridae) cujos osteodermos revelam membros de comunidades vertebradas do Quaternário tardio. 

O turismo cria visibilidade e incentiva esforços para proteger sítios como grutas e rios fossilíferos, mas também impõe desafios: o risco de danos por visitação sem orientação, retirada ilegal de fósseis ou degradação ambiental. 

Conservação depende de leis que protejam esses bens, de ações de fiscalização, de centros de interpretação ou museus para abrigar material, além de conscientização da comunidade local para reconhecer o valor desses vestígios como patrimônio.

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